A mulher cristã precisa usar véu?

A MULHER CRISTÃ PRECISA USAR VÉU NA IGREJA?

Lemos na Primeira Carta do apóstolo Paulo aos Coríntios, capítulo 11, versículos 5 e 6: “Toda mulher, porém, que ora ou profetiza com a cabeça sem véu desonra a sua própria cabeça, porque é como se a tivesse rapada. Portanto, se a mulher não usa véu, nesse caso, que rape o cabelo. Mas, se lhe é vergonhoso o tosquiar-se ou rapar-se, cumpre-lhe usar véu.
Este texto trata do uso de véu e de cabelos compridos por parte da mulher cristã. Com base neste texto algumas igrejas proíbem às mulheres de prestar culto a Deus sem véu e/ou com os cabelos cortados. É certa tal proibição? Ou a determinação do apóstolo só deteve valor na sua época e em relação às mulheres cristãs de Corinto apenas?
Temos que considerar que nesse tempo, cortar cabelo era vergonhoso para as filhas de Deus, porque o corte de cabelos era marca característica das prostitutas. Esta conotação, porém, já não existe mais em nossos dias.
Além disso, o versículo 16 deste mesmo capítulo de Primeiro Coríntios, deixa a entender que o apóstolo Paulo não tinha em mente estabelecer uma lei apostólica, mesmo porque este assunto não foi repetido por outros apóstolos de Cristo, como é o caso do Batismo e da Santa Ceia. Tudo indica que se trata de um costume circunstancial, restrito à igreja de Corinto.
Se quisermos fazer as palavras deste texto ser uma lei apostólica aplicável literalmente ainda em nossos dias e em nosso meio, então também deve ser aplicada literalmente a prática do “ósculo santo” (beijo na face), como forma de saudação entre cristãos, pois esta prática é mencionada em Rm 16.16; 1 Co 16.20; 2 Co 13.12; 1 Ts 5.26 e 1 Pe 5.14. Ao contrário dos cabelos longos e do véu, que só são citados uma vez, o “ósculo santo” o é em cinco textos, e por dois apóstolos. Pergunta-se: Por que os que advogam o uso do véu e do cabelo comprido, não exigem que os cristãos cumpram a prática da saudação com beijos entre cristãos?
Não se pode esquecer que em o Novo Testamento não existe nenhum caso de exclusão da igreja de uma pessoa em razão de usar adornos, cortar cabelos ou não usar véu. Portanto, estes temas não devem jamais exceder os limites das recomendações fraternas, nem devem jamais entrar na esfera das leis que determinam a disciplina na igreja.
Mais uma consideração é importante fazer aqui. Entendemos como perigoso e nocivo à vida espiritual, leis como estas que exigem dos crentes atitudes exteriores, porque, por trás da promulgação de tais leis, e no espírito de quem as cumpre, está sempre presente a intenção de se justificar a pessoa por meio de obras. Quando se exclui do convívio cristão a mulher que corta o cabelo ou a que não usa véu, pode-se estar admitindo que a virtude cristã está no cabelo comprido e no uso do véu.
Nós sabemos, e nisso nos confortamos, que nós somos justificados diante de Deus somente pela fé em Cristo, de graça, e nesta fé, produziremos frutos que, entre outras coisas, consistem em moderação no vestir e no uso de adornos exteriores.

Paulo Kerte Jung, pastor