Sábado ou domingo?

SÁBADO OU DOMINGO
Quando se questiona entre guardar o sábado ou o domingo, devemos ter em mente a diferença que existe entre LEI CERIMONIAL e LEI MORAL.
LEI CERIMONIAL é tudo aquilo que, no Antigo Testamento, implicava na prática do culto judaico, na vida religiosa do povo, no relacionamento do povo com Deus. Exemplo: O sacrifício de animais que era necessário fazer para remissão de pecados; as leis a respeito do comer ou deixar de comer determinados alimentos; as leis a respeito de determinadas doenças e sua purificação, etc. (cf. o Livro de Levíticos).
LEI MORAL compreendia tudo aquilo que implica na maneira de viver, dentro ou fora da religião judaica. Exemplo: Não matar, não adulterar, não mentir, não roubar, não dar falso testemunho, etc.
Note-se ainda que Deus jamais ameaçou de castigo um povo não judeu que não guardasse a LEI CERIMONIAL. Mas qualquer povo, judeu ou não, está sob o juízo de Deus por não guardar a LEI MORAL, expressa nos DEZ MANDAMENTOS, o que leva qualquer povo à necessidade de crer em Cristo para obter o perdão. A LEI CERIMOIAL, foi dada só ao povo de Israel para reger o culto judaico, e apontar para o sacrifício substituidor de Cristo. A LEI MORAL foi dada a todos os homens da terra..
O sábado pertence à LEI CERIMONIAL ou à LEI MORAL? Podemos dizer que o sábado, em parte, é LEI CERIMONIAL e em parte é LEI MORAL. No seu primeiro aspecto, o de LEI CERIMONIAL, considera-se o sábado pala determinação de um certo dia da semana para descanso e pela proibição de qualquer trabalho. No seu segundo aspecto, o da LEI MORAL, considera-se a principal razão porque foi por Deus determinado um dia certo e proibido o trabalho nesse dia: ouvir e guardar a Palavra de Deus. No seu primeiro aspecto, o da LEI CERIMONIAL, o sábado era dado somente ao povo de Israel e aos estrangeiros que estivessem convivendo com este povo (Êx 20.10). No seu segundo aspecto, o da LEI MORAL, o ouvir e guardar a Palavra de Deus, o sábado é extensivo a todos os povos em todos os tempos.
A atitude de Cristo em relação ao sábado é fundamental nesta questão. Em Primeiro lugar, como todo o Novo Testamento, Cristo jamais repetiu a Lei do sábado cerimonial., enquanto que os demais mandamentos são repetidos por ele (cf. Mt 190, 16-22; Mc 10.17-22; Lc 18.18-23). Quanto ao ouvir e guardar a Palavra de Deus, que é o aspecto moral-espiritual do sábado, o Novo Testamento, e, nele, Jesus, é pródigo em recomendações.
Além disso há que observar que em Mateus 12.8, Jesus se declara: “O Senhor do sábado”, num contexto em que ele mesmo permite a seus discípulos uma atitude contrária à lei do sábado-cerimonial: colher espigas pelas searas. Que sentido teria este “ser Senhor do sábado”, senão o de abolir o aspecto cerimonial que envolvia o sábado. Vejam-se ainda as muitas curas que Jesus efetuou em sábados sob críticas dos chefes religiosos, aos quais Jesus sempre rebateu (Jo 9.16). E o apóstolo Paulo ainda diz em Cl 2.16: “Ninguém , pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, porque tudo isso tem sido sombra das coisas que havia de vir; porém o corpo é de Cristo.”
Assim chegamos à pergunta: Por que o domingo? Teria Cristo nos libertado de uma LEI para nos submeter a outra? Com certeza, não. O domingo não foi instituído por Jesus, nem foi determinado por uma lei. Foram os primitivos cristãos que escolheram o domingo, dia em que Cristo ressuscitou, para descansarem dos trabalhos e terem ocasião de servir e adorar a Deus, ouvir e guardar a Palavra de Deus, de um modo especial. O Imperador romano Constantino, a partir do ano 325, oficializou o domingo como dia de descanso, o que, aliás, já vinha sendo praticado pelos cristãos em seu império. Assim o domingo, além de propiciar oportunidades de ouvir e guardar a Palavra de Deus, e assim cumprir aquele aspecto espiritual e universal do sábado, ele lembra também a liberdade que Cristo nos trouxe. Liberdade completa e total. Liberdade do poder do diabo, da mote e do pecado. Liberdade do jugo da LEI CERIMONIAL.
Se alguém entende que ainda hoje, e fora da religião judaica, se deve guardar o sábado no seu aspecto cerimonial, então, por coerência, também deverá guardar as demais cerimônias que, no culto judaico, estavam compreendidas nesta lei: sacrifícios, comidas, bebida, dias de festa, luas, etc.
O Mandamento que trata deste assunto é cumprido hoje, não pela observância de um determinado dia da semana, mas pelo amor à Palavra de Deus. E neste aspecto, o, louvor a Deus em qualquer dia, o trabalho nos departamentos da igreja, a oração a qualquer hora, enfim, todo o serviço e toda a adoração prestados a Deus, no culto do domingo, ou fora dele, será tido como obediência a este Mandamento. Deus não nos julgará pela observância ou inobservância de um determinado dia da semana, sábado ou domingo. Ele nos julgará pelo aceitar ou não da sua Palavra, pelo crer ou não crer nas suas promessas.
Na troca do sábado pelo domingo, os cristãos não anulam a lei do sábado no seu aspecto de ouvir e guardar a Palavra de Deus. Apenas confiam na anulação que Cristo efetuou no aspecto cerimonial que consistia na determinação de um dia fixo na semana, o sétimo, em que nenhuma obra deveria ser feita.
O sábado lembra o descanso de Deus após a obra da criação do mundo. O domingo lembra a não menos importante obra, que foi a ressurreição de Cristo, a vitória do Filho de Deus e a nossa vitória sobre a morte.
Paulo Kerte Jung, pastor